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Em contratos com poucos componentes, como em muitos casos de obras rodoviárias,
                  é possível encontrar preços referenciais para mais de 90% do valor total da obra. Todavia, em
                  contratos com quantidade grande de itens (acima de 1.000), a amostra selecionada pelo auditor pode
                  alcançar cerca de 100 itens, representando somente 50% do valor total, pois a inclusão de mais
                  serviços não acrescenta benefício relevante. A Lei Newcomb-Benford demonstra ser uma ferramenta
                  complementar, a ser utilizada em toda a planilha (100% dos serviços), como um direcionador de
                  possíveis inconsistências.

                        O presente trabalho visa a apresentar um estudo de caso da aplicação do modelo proposto
                  em trabalho anterior (Cunha, 2013) às obras públicas, utilizando a planilha orçamentária de uma
                  obra denominada “Obra X”. Essa obra foi selecionada por apresentar um volume de dados relevante
                  e pela disponibilidade da planilha em formato excel. Serão apresentados primeiramente os Testes da
                  Lei de Benford pertinentes. A seguir serão exibidos os Testes Estatísticos utilizados para mensurar
                  a conformidade dos dados com a Lei NB. Finalmente, serão aplicados os testes em tela à Obra X, de
                  modo a demonstrar o modelo sugerido, e expostas as conclusões.



                  2. TESTES DA LEI DE BENFORD: OS NÚMEROS


                        Foram aplicados no presente trabalho os testes descritos a seguir, caracterizados segundo
                  Nigrini (2012).



                  2.1. Teste do Primeiro Dígito



                        O Teste do Primeiro Dígito é um Teste Primário que testa as frequências com que os números
                  de 1 a 9 se repetem nos primeiros dígitos dos itens de um banco de dados. Por ser um Teste de
                  visão macro, não identifica certas anomalias nos dados, o que torna difícil se certificar de que existe
                  uma boa aderência à Lei NB. Por trazer grandes amostras a serem auditadas, torna-se inviável uma
                  investigação mais minuciosa do auditor. Ele pode ser útil em bancos de dados com poucos itens,
                  talvez 300, segundo Nigrini (2012).
                        A frequência esperada da ocorrência de um número como primeiro dígito em um banco de
                  dados, segundo a Lei NB é dada por:










                        Mostram-se a seguir, na Tabela 1, as frequências dos primeiros dígitos calculadas utilizando
                  a fórmula anterior.

                   Dígito        1       2       3       4       5      6        7        8        9
                   Frequência  30,10%  17,61%  12,49%   9,69%  7,92%   6,69%   5,80%    5,12%    4,58%
                        Tabela 1 - Frequências dos primeiros dígitos, calculadas segundo a Lei de Newcomb-Benford

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