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da América, revelaram que um pavimento rodoviário comporta-se de forma similar à figura
                  que segue , tão logo a rodovia é liberada ao tráfego. A Figura 1 ilustra a evolução de um
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                  dos indicadores da capacidade de a rodovia servir ao tráfego ou conceitualmente a
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                  “serventia” (CAREY JR e IRICK, 1962).

                        O tempo decorrido ou as solicitações de tráfego estão representados no eixo horizontal. A
                  condição de serventia da rodovia é apresentada no eixo vertical esquerdo, variando entre cinco
                  (condição de trafegabilidade ótima) e zero (praticamente intransitável ). As intervenções de referência
                                                                            3
                  para manutenção e seus custos estimados são apresentadas no lado direito da figura.
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                        Um  detalhe  que  não  deve  passar  despercebido:  o  ponto  “A”  representa  a  perda  30%  da
                  capacidade de a rodovia servir ao tráfego (de 4,5 para 3 no eixo vertical esquerdo) nos primeiros
                  50% da vida de serviço (7,5 anos, eixo horizontal); e o ponto “B” representa a perda de 50% da
                  serventia (de 3 para 1) em menos de quatro anos (do 7,5 ao 11,5). Então, intervir em “A” (na ordem
                  de US$ 30mil/km ou R$ 100mil/km) é mais eficiente e econômico do que intervir em “B” (US$
                  115mil/km, R$ 400mil/km ou 4vezes mais).
                        A descrição do processo de deterioração se faz necessário para o entendimento da questão
                  da anacronicidade intrínseca e problema insanável relacionado ao desenvolvimento dos projetos de
                  engenharia para manutenção de rodovias.






























                                           Figura 1 – Ilustração do processo de deterioração de pavimentos


                  1 Para construção da figura, foi utilizado um modelo consistente de deterioração, baseado nos modelos do Banco Mundial e AASHTO, para
                  um tráfego de 1500 veículos e pavimento constituído de CBUQ (5cm), Base Brita Graduada (15cm) e Sub-base Brita Graduada (15cm).
                  A vida de serviço prevista é de 15 anos.
                  2 Há diversos modelos conceituais cujo objetivo é representar e ou reduzir o estado da rodovia ou condição de trafegabilidade a um
                  indicador calculado em função da extensão e gravidade das condições/defeitos verificados. Entre outros, têm-se o Índice de Gravidade
                  Global (IGG/DNIT), Paviment Condition Rate (PCR/FHWA), o Present Serviceabilty Index (PSI/AASHTO), entre outros.
                  3 De fato, a condição de serventia não chegaria a zero seja porque a rodovia seria abandonada pelo tráfego antes e também porque
                  sempre que resta algum ponto não totalmente deteriorado. No final da vida de serviço (Serventia < 1, no eixo vertical), a velocidade da
                  deterioração reduz: há tantos buracos que o tráfego busca outras opções.
                  4 A relação entre os custos está consistente, ainda que seja possível que os preços variem em função da variação do  preço dos insumos
                  e da largura das faixas de rolamento e a relação cambial (R$3,50/US$ à época).


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