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Figura 3 – Esquema tradicional de intervenções de manutenção
                        Vale reforçar, a curva dente de serra apresentada na Figura 3 e modelo almejado pela maior
                  parte dos departamentos de estradas de rodagem (DERs) configura-se uma das estratégias mais
                  caras, porque:

                        - a decisão de aguardar a rodovia deteriorar impõe a necessidade de aplicar uma
                        intervenção mais robusta e, portanto, mais cara;

                        - enquanto a tal intervenção robusta não chega, as intervenções de manutenção não
                        param de encarecer;

                        - intervenções mais robustas exigem aporte financeiro mais significativo num espaço de
                        tempo restrito, demandando da agência rodoviária ir ao mercado buscar financiamento e
                        arcar com o custo adicional do dinheiro de terceiro;

                        - a decisão de aguardar a rodovia alcançar avançado grau de deterioração gera um efeito
                        colateral decorrente da perda da capacidade estrutural do pavimento (notadamente da
                        infiltração de água por entre as trincas, perda de finos, entre outros);

                        -  o  fato  de  manter  o  tráfego  sobre  a  rodovia  deteriorada  encarece  aquele  custo  que  é
                        suportado pelos usuários (custo de operação de veículo + custo de tempo de viagem + custo
                        de acidentes), que tem crescimento exponencial associado com a piora das condições.

                        Finalmente, estudos conduzidos pela administração nacional de rodovias americanas
                  (o Federal Highway Administration – FHWA), conforme PESHKIN et al. (2004), FHWA (2002)
                  e WALLS e SMITH (1998), demonstraram que as abordagens de manutenção baseadas na
                  modelagem run-to- fail só não são mais caras do que as demais estratégias de manutenção de
                  rodovias (e, portanto, das estratégias menos eficientes) do que o processo de deixar as rodovias
                  deteriorarem até o limite da ruína, ou seja, degradarem bem além do ponto ótimo de restauração.

                        Para alcançar tal conclusão, o FHWA trabalhou com a análise dos custos ao longo do
                  ciclo de vida (life-cycle cost analysis ou LCCA) e com o custo total do transporte (CTT = CImp
                  + CMan + CVOC + CTViag + CAc) ao longo do tempo, composto pelos custos de implantação


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