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serão exponencialmente maiores. Mais grave ainda é   5. ESTUDO DE CASO
                  o caso em que o empreendimento é completamente
                  executado e, depois de sua conclusão, são             Alguns trabalhos recentes do
                  “descobertos” que seus benefícios não cobrem  Tribunal de Contas da União (TCU)
                  sequer seus custos. A pior de todas as situações,  avançaram na avaliação da viabilidade
                  certamente, ocorre quando em alguns destes casos  de empreendimentos e programas de
                  se descobre que a receita do empreendimento não  investimento. Para exemplificar, será
                  paga nem mesmo seus custos de manutenção, ou  apresentada auditoria da FIOL (Ferrovia de
                  seja, os prejuízos são crescentes ao longo do tempo.  Integração Oeste Leste, em execução pela
                  Nestas situações, os investidores/patrocinadores do  VALEC), no âmbito do Fiscobras 2015.
                  empreendimento ficam extremamente prejudicados,       O TCU avaliou questões relativas
                  vendo  seus  recursos  serem  exauridos  pelo   à viabilidade da Ferrovia de Integração
                  ralo. No caso de empreendimentos públicos, os   Oeste Leste, planejada para interligar
                  patrocinadores são os contribuintes que veem os   os municípios de Ilhéus na Bahia a
                  seus impostos serem desperdiçados.
                                                                  Figueirópolis no Tocantins, e constatou
                        É extremamente importante manter os registros  que as premissas adotadas no estudo que
                  das decisões anteriores de modo a aprender com os  justificou a decisão de construir a ferrovia
                  erros do passado. Além de aprender com as falhas  não eram compatíveis com a realidade
                  anteriores, é possível mitigar prejuízos por meio do  atual.  O  estudo  de  viabilidade  técnica
                  monitoramento contínuo da evolução do projeto. De  econômica e ambiental (EVTEA) não
                  acordo com o Guia PMBOK, o monitoramento deve  avaliou os riscos políticos, econômicos
                  ser executado do início ao término do projeto. O  e financeiros envolvidos na implantação
                  monitoramento contínuo possibilita uma compreensão  do empreendimento. Pelo contrário, as
                  clara da “saúde” do projeto (PMI, 2014).        análises apresentaram um viés otimista

                        Diante do exposto, o presente trabalho defende   e  várias  premissas  consideradas
                  que seja desenvolvida uma rotina de monitoramento   fracassaram, a exemplo da estimativa
                  contínuo da viabilidade ao longo do ciclo de vida de   do prazo de entrega. As informações
                  empreendimentos de infraestrutura. Isto é, entende-  a  seguir  são  provenientes  do  relatório
                  se que a viabilidade não deve ser confrontada   e voto que acompanham o Acórdão
                  apenas nos estudos preliminares de EVTEA, mas   2644/2015-TCU-Plenário.
                  também durante as etapas de projeto básico, projeto   Segundo o estudo, os 1500 km
                  executivo, no início e no decorrer da construção, e  da via férrea deveriam estar operantes a
                  ao término. De forma prática, esse monitoramento  partir de janeiro de 2015. Porém, até julho
                  mitigaria eventuais prejuízos aos financiadores, visto  do mesmo ano, não havia sido concluído
                  que permite avaliar se o projeto deve ser mantido sem  nenhum quilômetro operacional, sendo que
                  alterações, postergado para outro momento mais  aproximadamente 1/3 da ferrovia sequer
                  adequado, alterado ou até, em último caso, abortado,  havia sido licitado. Na época, as expectativas
                  quando seus custos superam irremediavelmente  mais otimistas previam a conclusão do
                  os benefícios. Ademais, o monitoramento permite  primeiro segmento,  “Caetité-Ilhéus”, para
                  avaliar a precisão das estimativas iniciais e melhorar  o ano de 2018, enquanto  os estudos de
                  o planejamento de novos projetos.               viabilidade previam a operação do trecho


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